Maria João Abreu recordar leia mais .. ver mais …

Neste dia, 14 de abril, se fosse viva, Maria João Abreu completaria mais um ano de vida. Mas embora o tempo nos tenha roubado a sua presença física, a sua memória permanece viva — pulsante — no coração dos portugueses. Hoje, mais do que lembrar a data do seu nascimento, celebramos o que ela foi, o que nos deixou e o que continua a inspirar.Maria João Abreu não era apenas uma atriz. Era uma alma generosa, uma mulher de verdade, uma intérprete que sabia rir com o corpo inteiro e chorar com os olhos da alma. Nascida em Lisboa em 1964, foi ao teatro que entregou o seu primeiro amor — e foi nos palcos que começou a mostrar o brilho raro que carregava dentro de si.
Uma Carreira Inesquecível
A sua carreira foi longa, diversificada e profundamente marcada por uma entrega absoluta à arte de representar. Começou no teatro, onde foi dirigida por nomes como Filipe La Féria e Raul Solnado, e onde desenvolveu uma escola de disciplina e talento que transbordava para tudo o que fazia.
Mas foi na televisão que se tornou uma presença diária, quase familiar, para milhões de portugueses. As novelas, as séries, os programas de humor — onde quer que aparecesse, Maria João tinha o dom de transformar o banal em algo especial. Era impossível não gostar dela. Tinha uma empatia rara, um magnetismo natural, uma capacidade imensa de se entregar às personagens — fosse na comédia, no drama ou na ternura.
Fez rir o país com Médico de Família, Golpe de Sorte, A Serra, Patrões Fora, Os Compadres, Conta-me Como Foi — e muitas outras produções em que deixou uma marca que não se apaga. Tinha o riso fácil, mas também a lágrima pronta. E talvez por isso se tenha tornado tão próxima de nós: porque era real, porque era transparente, porque nunca foi maior do que a vida — foi apenas profundamente humana.
Uma Mulher de Verdade
Fora dos ecrãs, era uma mulher simples, generosa e profundamente afetiva. Colegas descrevem-na como “mãe de todos”, sempre pronta a ouvir, a aconselhar, a dar um abraço nos bastidores. Nunca deixou o sucesso subir à cabeça. Continuou sempre com os pés na terra e o coração nas pessoas.
Teve dois grandes amores públicos — José Raposo, com quem teve dois filhos, e João Soares, com quem partilhou os últimos anos da sua vida. A forma como viveu estas relações, com carinho e respeito, foi também reflexo da sua maturidade emocional e da sua capacidade de amar — mesmo depois da separação, manteve uma bonita amizade com José Raposo, sempre unida pela família que construíram juntos.
O Adeus que Parou o País
A 13 de maio de 2021, Portugal parou. A notícia da morte de Maria João Abreu foi um choque profundo. Tinha apenas 57 anos. Um aneurisma cerebral tirou-lhe a vida de forma súbita, cruel, injusta. Estava em plena atividade, a gravar a novela A Serra, e parecia ter ainda tantos papéis por interpretar, tantas histórias por viver.
O país chorou. Os colegas choraram. A televisão chorou. Mas, acima de tudo, as pessoas comuns — aquelas que a viam todos os dias, que a sentiam como uma amiga, que lhe sorriam através do ecrã — essas sentiram que tinham perdido alguém da família. Porque Maria João era isso: uma atriz do povo, uma mulher do povo, uma estrela que nunca deixou de ser gente.
Um Legado Vivo
Hoje, três anos depois da sua partida, o nome de Maria João Abreu continua a ecoar nas memórias. As suas personagens ainda vivem nas reposições e nos corações. As suas palavras, entrevistas, gargalhadas — continuam a inspirar quem acredita na arte como forma de tocar o outro.
Foi criada uma bolsa com o seu nome, em homenagem ao seu espírito solidário. Os filhos continuam ligados à arte. E os colegas, sempre que falam dela, fazem-no com um brilho nos olhos — porque ninguém se esquece da luz que ela espalhava nos corredores das televisões e dos teatros.
Neste Dia… Celebramos
Hoje, no dia em que faria anos, celebramos tudo o que Maria João Abreu nos deu. Celebramos o seu talento sem filtros. Celebramos a sua gargalhada contagiante. Celebramos a sua coragem, a sua leveza, a sua humanidade.E dizemos, com saudade e com gratidão:Obrigado, Maria João.
Pelo riso. Pela emoção. Pela verdade com que viveste — e representaste.