Bebé nasce a caminho de Almada após fecho da urgência do Barreiro
Alerta Bebé nasce a caminho de Almada após fecho da urgência do Barreiro

Bebé nasce a caminho de Almada após fecho da urgência do Barreiro
Um momento de enorme tensão transformou-se num episódio feliz este fim de semana, quando um bebé nasceu a caminho do Hospital Garcia de Orta, em Almada, após a família se ter deparado com a urgência obstétrica do Hospital do Barreiro encerrada.
O caso aconteceu na madrugada de sábado para domingo, numa altura em que a grávida entrou em trabalho de parto e necessitava de assistência imediata. A escolha inicial tinha sido o Hospital do Barreiro, mas a urgência encontrava-se indisponível devido ao regime de encerramento rotativo que tem sido aplicado em várias unidades de saúde do país.
Ao perceberem que não podiam recorrer àquela unidade hospitalar, os familiares decidiram seguir viagem até Almada. Foi nesse trajeto que a situação se complicou: a parturiente entrou em fase avançada de parto e não houve tempo de chegar ao hospital.
Com o apoio de quem a acompanhava, o bebé acabou por nascer dentro da viatura, ainda antes de a família alcançar a unidade hospitalar de referência. O momento, embora de enorme ansiedade, acabou por ser vivido também com alívio, já que o parto decorreu sem complicações graves.
Assim que chegaram ao Hospital Garcia de Orta, mãe e bebé foram recebidos pela equipa médica, que rapidamente avaliou o estado clínico de ambos. De acordo com fontes hospitalares, os dois encontram-se bem e em segurança, não tendo sido registados problemas de saúde.
Este episódio voltou a levantar críticas à gestão dos serviços de urgência obstétrica em Portugal. Nas últimas semanas, várias grávidas e famílias têm denunciado constrangimentos semelhantes, relatando situações em que foram obrigadas a percorrer dezenas de quilómetros em busca de atendimento.
As urgências do Barreiro têm estado frequentemente encerradas devido à falta de recursos médicos. O regime de funcionamento por escalas, que alterna o fecho e a abertura das unidades, tem provocado quebras graves no atendimento, sobretudo em períodos noturnos e fins de semana.
Fontes sindicais e profissionais de saúde têm alertado que estes encerramentos colocam em risco situações de emergência, onde cada minuto pode ser determinante para a vida da mãe e do bebé. O caso de Almada é mais um exemplo concreto daquilo que especialistas têm classificado como um “perigo real” para utentes em trabalho de parto.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) já foi informada do caso e está a recolher elementos para compreender o que aconteceu. Apesar de não se terem registado consequências graves, a situação expôs novamente as fragilidades do sistema.
Entretanto, a família, apesar do susto, mostrou-se grata pela forma como foi recebida em Almada e pelo profissionalismo dos médicos e enfermeiros que assistiram mãe e filho logo após a chegada.
O bebé, que nasceu saudável, acabou por ser um símbolo de esperança em meio à polémica. Ainda assim, o episódio deixa claro que a necessidade de reforçar recursos humanos e garantir a estabilidade dos serviços continua a ser uma das maiores urgências no setor da saúde em Portugal.
Com este caso, cresce a pressão para que o Governo e o Ministério da Saúde encontrem rapidamente soluções definitivas, de modo a evitar que situações de risco semelhante se repitam e que uma viagem em busca de atendimento possa terminar de forma trágica.