Até sempre Teresa

Ao longo da sua vida pública, Teresa Costa Macedo nunca escondeu as suas convicções profundamente cristãs e conservadoras, que nortearam a sua intervenção política e social. Embora essas posições nem sempre tenham sido consensuais, especialmente em contextos mais progressistas ou laicos, ela defendeu com firmeza uma visão do mundo centrada na família como núcleo estruturante da sociedade. Essa coerência valeu-lhe tanto admiradores fervorosos como críticos acérrimos, mas nunca passou despercebida.
Mesmo depois de deixar os cargos governamentais, manteve uma presença ativa em debates públicos sobre educação, natalidade e valores culturais. Foi presença regular em conferências, colóquios e eventos promovidos por associações cívicas e religiosas, sendo frequentemente chamada a comentar a atualidade à luz da sua experiência e visão tradicional. Nos últimos anos, embora se tenha retirado da vida pública, continuou a escrever artigos e a acompanhar de perto a evolução da política familiar em Portugal.
Muitos recordam ainda o papel corajoso que desempenhou durante os primeiros anos da democracia portuguesa, ao afirmar uma perspetiva conservadora num ambiente político dominado por discursos mais progressistas. A sua atuação contribuiu para pluralizar o debate público em Portugal, introduzindo uma voz que falava diretamente a uma parte significativa da sociedade portuguesa, sobretudo a católica e de matriz rural ou tradicional.
Além da política, Teresa Costa Macedo era uma mulher de vasta cultura, com um apreço especial pela literatura, pela música clássica e pelo pensamento filosófico. Colegas e antigos alunos recordam-na como uma professora exigente, mas generosa, sempre pronta a desafiar os estudantes a pensar criticamente e a refletir sobre os grandes temas da existência humana. A sua abordagem pedagógica unia exigência intelectual com sensibilidade humanista.
A sua vida familiar foi também marcada por discrição e estabilidade. Casada desde jovem, foi mãe de três filhos e avó de vários netos, mantendo sempre uma forte ligação aos valores que defendia publicamente. Amigos próximos relatam que encontrava na família o seu refúgio e a principal fonte de motivação para o seu trabalho público. Era, segundo os que com ela privaram, uma mulher afável no trato pessoal, mas firme nas convicções.
Com a sua morte, desaparece uma das últimas figuras vivas que fizeram a transição entre o Estado Novo e a democracia portuguesa, tendo ocupado posições relevantes em ambos os contextos. Independentemente das posições ideológicas que se perfilhem, o seu percurso ilustra o papel de algumas mulheres que, desde cedo, ocuparam espaços de liderança num país onde a política era maioritariamente masculina. O seu legado será, sem dúvida, objeto de análise e reflexão nos anos vindouros.