Mariana Mortágua anuncia que não se recandidatará à coordenação do Bloco de Esquerda

Mariana Mortágua anuncia que não se recandidata à coordenação do Bloco de Esquerda

A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, confirmou que não será candidata a um novo mandato na liderança do partido. A decisão foi comunicada através de uma carta dirigida aos militantes bloquistas, onde a deputada reconhece que chegou o momento de dar lugar a novas vozes e novas energias dentro do partido.

Na mensagem enviada à estrutura interna, Mortágua explica que a sua decisão resulta de uma reflexão pessoal e política, sublinhando que a direção atual não conseguiu atingir todos os objetivos a que se propôs, nomeadamente a descentralização da organização e o reforço da ligação às bases. “A estrutura do Bloco precisa de novas dinâmicas e de novas pessoas que possam renovar a nossa energia política”, afirmou.

Um ciclo que chega ao fim

Mariana Mortágua assumiu a coordenação do Bloco de Esquerda em 2023, sucedendo a Catarina Martins, num momento em que o partido enfrentava desafios eleitorais e de reorganização interna. Ao longo do seu mandato, destacou-se pela firmeza no debate parlamentar e pela defesa de causas sociais e económicas ligadas à habitação, à justiça fiscal e à igualdade de género.

No entanto, reconhece agora que o partido atravessa um período de estagnação e que a mudança de liderança pode abrir um novo ciclo de crescimento. “Acredito que o Bloco beneficiará com outras vozes e outras lideranças, capazes de relançar o nosso projeto político”, referiu na carta.

Contexto e desafios do Bloco de Esquerda

A saída de Mortágua ocorre num contexto de resultados eleitorais modestos e de dificuldades em recuperar espaço político à esquerda, sobretudo depois das últimas eleições legislativas e europeias. O partido enfrenta também o desafio de se afirmar entre o PS e o Livre, enquanto tenta manter uma identidade própria junto do eleitorado jovem e urbano.

Para muitos analistas, a decisão de Mortágua reflete a necessidade de renovação dentro do BE e de uma estratégia mais clara para o futuro. A próxima convenção bloquista será determinante para definir quem assumirá a nova coordenação e quais as linhas políticas que marcarão esta nova fase.

A mensagem de despedida

No texto enviado aos militantes, Mariana Mortágua manifesta orgulho pelo trabalho realizado e agradece o apoio recebido durante os dois anos e meio de coordenação. “Deixo esta função com o sentimento de dever cumprido e com a convicção de que o Bloco continuará a ser uma voz necessária na política portuguesa”, concluiu.

A decisão de não se recandidatar marca, assim, o fim de um ciclo político e o início de um novo capítulo na história do Bloco de Esquerda, que se prepara agora para um período de reflexão interna e redefinição estratégica.