Carta aberta de um benfiquista a Pinto da Costa já é viral
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Jorge Nuno Pinto da Costa faleceu no passado sábado, 15 de fevereiro, aos 87 anos, vítima de doença prolongada. Esteve à frente do FC Porto durante 42 anos, tendo somado títulos como nenhum outro. Com isso, conquistou o coração dos portistas, mas também colecionou antipatias junto dos rivais.
Na hora da morte, Sporting e Benfica ficaram em silêncio, mostrando que nem este destino trava a inimizade, mas são muitos os adeptos rivais que põem tudo isso de lado, e se despedem do homem que marcou os destinos de FC Porto.
Por exemplo, o jornalista Luís Osório, benfiquista, mas que recorda o homem e a interação que ambos tiveram, partilhando as palavras que o então presidente portista lhe dirigiu:
“Jorge Nuno Pinto da Costa
1. Jorge Nuno Pinto da Costa morreu.
Mas não morreu hoje, morreu quando perdeu as eleições e deixou de ser presidente do FC. Porto.
Depois de 42 anos e de muitas dezenas de títulos deixou de ter tempo para pensar o futuro.
Afinal, o que poderia fazer que substituísse a vida que construiu e lhe ofereceu um propósito?
2. Continuaria a almoçar nos lugares e com as pessoas de sempre?
Continuaria a marcar encontros com presidentes e treinadores, com agentes e políticos, com conselheiros e antigos jogadores – almoços conspirativos acompanhados pelo bacalhau da Julinha na Trofa, pelo arroz de frango com ovos estrelados no restaurante da irmã de Reinaldo Teles, o célebre Antunes?
Dias difíceis em que o seu carro se enganou por desejar fazer o caminho de sempre, um carro ensinado a ir de olhos fechados para o Olival ou para o Dragão.
Dias complicados por ter deixado de poder ir para o seu gabinete, por ter deixado de ver às segundas-feiras a agenda de todas as equipas, masculinas e femininas de todas as modalidades…
… e de analisar os resultados e de chamar ou telefonar quando as coisas não corriam bem, mesmo que fosse no bilhar às três tabelas ou no halterofilismo.
3. Dias terríveis quando a nova época começou.
Foi incapaz de gerir o vazio de não ir com a equipa nos jogos fora, de não ir aos fados quando o FC. Porto jogava em Lisboa, de não almoçar nos estágios, de não sentir o balneário.
Foi incapaz de gerir o ter deixado de chamar o alfaiate de sempre, o homem que o acompanha há tantos anos e que lhe arranja fatos à medida para os jogos ou dias especiais.
Foi incapaz de gerir ter deixado de surpreender funcionários que estivessem a passar por dificuldades ou a falhar objetivos.
4. Jorge Nuno Pinto da Costa despediu-se no Jamor, na última vitória da sua presidência, e de alguma maneira foi aí que morreu sem ter morrido.
A notícia de hoje apenas foi um anúncio do que já acontecera.
Nunca esquecerei o dia em que me foi ver à Casa da Música no meu monólogo “Ficheiros Secretos”.
Nunca esquecerei a conversa que tivemos ao telefone – “Luís, gostei tanto. Só é pena ser benfiquista, mas sabe que tenho muitos amigos benfiquistas, o Luís será apenas o último dos meus amigos benfiquistas”.